Acordo de Segurança para Ucrânia Pode Ser Definido Hoje, Sinaliza Trump Após Encontro com Zelensky
WASHINGTON — O presidente Donald Trump indicou nesta segunda-feira que um acordo sobre as garantias de segurança para a Ucrânia poderia ser alcançado ainda hoje, após uma reunião de cúpula na Casa Branca com seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, e líderes europeus. A proposta, que visa encerrar a guerra de quase três anos e meio, poderia redefinir a arquitetura de segurança da Europa Oriental, oferecendo a Kiev proteções robustas sem, no entanto, garantir a sua entrada na OTAN.
Por Jardel Cassimiro Para o Correio 101
18 de agosto de 2025
“Creio que hoje chegaremos a uma resolução sobre quase tudo, incluindo provavelmente a segurança”, declarou Trump a jornalistas no Salão Oval, ao lado de Zelensky. O otimismo do presidente americano surge após um intenso fim de semana diplomático, que incluiu uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca.
No início de suas declarações, Trump dirigiu-se diretamente a Zelensky: “Tenho a sensação de que você e o presidente Putin vão chegar a um acordo. Em última análise, esta é uma decisão que só pode ser tomada pelo presidente Zelensky e pelo povo da Ucrânia, trabalhando também em acordo com o presidente Putin. E eu acho que coisas muito boas vão sair disso.”
O cerne da negociação é a formatação de um pacto de segurança que especialistas descrevem como um compromisso histórico. A Ucrânia busca garantias firmes contra futuras agressões russas, enquanto a Rússia mantém sua "linha vermelha" de longa data contra a expansão da OTAN para suas fronteiras.
A solução emergente, conforme detalhado pelo enviado especial de Trump, Steve Witkoff, envolve “proteções semelhantes ao Artigo 5”. Esta é uma referência direta à cláusula de defesa coletiva da OTAN, que estipula que um ataque a um membro é considerado um ataque a todos. Segundo Witkoff, em uma declaração que surpreendeu observadores internacionais, Putin teria concordado em permitir que os Estados Unidos e nações europeias oferecessem tais garantias a Kiev, um movimento que o enviado descreveu como "transformador".
Este mecanismo representaria uma alternativa à adesão plena à OTAN, buscando aplacar as preocupações de segurança do Kremlin e, ao mesmo tempo, fornecer a Kiev o escudo protetor que anseia. No entanto, os detalhes de como esse sistema funcionaria na prática, quem seriam os garantidores e qual seria o limiar para uma intervenção militar, permanecem como pontos críticos a serem definidos.
A reunião na Casa Branca contou com uma forte presença europeia, incluindo líderes do Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Finlândia, além da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte. A presença deles sublinha a ansiedade europeia em não ser marginalizada nas negociações que afetam diretamente a segurança do continente e em garantir um apoio uníssono a Zelensky, evitando que ele seja pressionado a aceitar um acordo desfavorável.
Apesar do tom otimista de Trump, persistem obstáculos significativos. O presidente americano sugeriu publicamente que um acordo de paz poderia envolver concessões territoriais por parte da Ucrânia, incluindo a região do Donbas, uma exigência de longa data de Moscou.
Zelensky, por sua vez, enfrenta imensa pressão interna e reafirmou que a Constituição ucraniana proíbe a cessão de território. Em declarações anteriores, ele enfatizou que qualquer acordo deve respeitar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.
As conversas de hoje em Washington são, portanto, um delicado ato de equilíbrio. Para Trump, um acordo representaria uma grande vitória na política externa. Para Zelensky, é uma busca por uma paz duradoura que não comprometa o futuro de sua nação. E para o mundo, é um momento crucial que pode tanto levar ao fim de um conflito devastador quanto redesenhar as alianças e tensões na era pós-Guerra Fria.
JARDEL CASSIMIRO
