Zinco-Carnosina: Um Aliado Promissor na Cura do Intestino

 


Por Jardel Cassimiro | Correio 101

A Epidemia Silenciosa do “Intestino Permeável”

O estilo de vida moderno transformou nossa alimentação — e nem sempre para melhor. Alimentos ultraprocessados, aditivos artificiais, álcool, uso excessivo de medicamentos e o desequilíbrio no consumo de fibras corroem uma das defesas mais subestimadas do corpo: a barreira intestinal.
Quando essa barreira enfraquece, ela começa a “vazar”. Endotoxinas atravessam a mucosa, chegam à corrente sanguínea, o sistema imune reage de forma exagerada — e o organismo sente os efeitos muito além da digestão.

Mais que “Apenas Zinco”

O zinco-carnosina, também chamado de polaprezinco, não é apenas mais um suplemento genérico disponível no mercado. Trata-se de um complexo quelado único, na proporção 1:1 entre zinco e carnosina, desenvolvido para se fixar diretamente na mucosa lesada.
Essa característica mucoadesiva permite que ele permaneça mais tempo no local da lesão, liberando lentamente zinco e carnosina exatamente onde a reparação é necessária.

Ao contrário dos sais convencionais de zinco, o polaprezinco combina dois mecanismos de ação:

  • Zinco: estimula a reparação epitelial, reforça as tight junctions (junções celulares) e acelera a recuperação tecidual.

  • Carnosina: atua como antioxidante, neutralizando compostos tóxicos (carboníleos) e reduzindo o estresse oxidativo.

O Que Mostram os Estudos

As evidências clínicas vêm se acumulando. Em estudos controlados, a dose de 37,5 mg duas vezes ao dia, por 14 dias, reduziu em quase 70% o aumento da permeabilidade intestinal causado por exercícios intensos.
No tratamento de Helicobacter pylori, o uso do polaprezinco como adjuvante à terapia antibiótica padrão aumentou a taxa de erradicação da bactéria — sem ampliar os efeitos adversos.

No nível molecular, o polaprezinco:

  • Aumenta proteínas protetoras como HSP70 e HO-1.

  • Reduz a sinalização pró-inflamatória mediada por NF-κB.

  • Restaura proteínas de junção essenciais, como occludina e ZO-1.

Esses mecanismos apontam não apenas para alívio sintomático, mas para uma contribuição real no selamento da barreira intestinal.

Além da Digestão: Benefícios Sistêmicos

O intestino não é um sistema isolado. Quando a barreira intestinal se restabelece, todo o corpo percebe os efeitos positivos:

  • Conforto digestivo: menos dor abdominal, inchaço e hipersensibilidade após refeições.

  • Clareza cognitiva: redução da “névoa mental”, sono de melhor qualidade e estabilidade de humor.

  • Condições neurodesenvolvimentais: em subgrupos de crianças com autismo, a cicatrização da mucosa intestinal tem sido associada a menos irritabilidade e desconforto. Já no TDAH, um eixo intestino-cérebro mais equilibrado se relaciona a ganhos de foco, rotina mais organizada e melhor regulação emocional.

Como Implementar — Sempre com Supervisão Clínica

  • Permeabilidade intestinal / estresse térmico: 37,5 mg duas vezes ao dia por 14 dias, com reavaliação posterior.

  • Infecção por H. pylori: 75 mg duas vezes ao dia junto à terapia padrão, aumentando a taxa de erradicação.

  • Protocolos de colite ativa: administração retal em contextos clínicos específicos.

  • Base essencial: primeiro vem a alimentação. Reduzir ultraprocessados, priorizar comida de verdade, proteínas de qualidade e fibras de forma gradual.

⚠️ Segurança: a ingestão total de zinco não deve ultrapassar o limite seguro (40 mg/dia). Também é necessário monitorar os níveis de cobre para evitar deficiências.

Um Complemento, Não um Substituto

Especialistas reforçam: o zinco-carnosina é uma terapia adjuvante. Não substitui avaliação médica, antibióticos, inibidores de bomba de prótons ou outros tratamentos principais.
Sua função é complementar, ajudando o corpo a reconstruir suas defesas naturais de dentro para fora.

A mensagem é clara: o dano intestinal começa pelo que entra na boca — mas a cura começa quando a barreira volta a se selar.

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