Escândalo no Tribunal Militar: Justiça Liberta Três PMs da Rota Ligados à Morte de Delator do PCC



Tenente e dois soldados, acusados de integrar esquema de segurança ilegal para Vinicius Gritzbach, são soltos; caso expõe a infiltração do crime organizado na elite da polícia de São Paulo.


Revista Correios 101 Por Jardel Cassimiro, 11 de setembro de 2025


Em uma reviravolta que marca um dos maiores escândalos da segurança pública paulista, a Justiça Militar de São Paulo determinou na última quarta-feira (10) a soltura de três policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa de elite da PM. Eles estão entre os 15 oficiais réus por envolvimento no assassinato de Vinicius Gritzbach, um ex-operador financeiro e peça-chave que delatou os esquemas de lavagem de dinheiro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).


Foram postos em liberdade o primeiro-tenente Thiago Maschion Angelim da Silva e os soldados, Julio Cesar Scallet Barbini e Abraão Pereira Santana. A decisão foi proferida no início do julgamento do grupo, após a defesa argumentar a favor da liberdade dos acusados.


O caso remonta a março de 2021, quando Gritzbach foi emboscado e executado a tiros de fuzil em São Paulo. Ele havia se tornado um informante crucial para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e sua morte foi um duro golpe nas investigações contra o PCC. As apurações revelaram que o delator, temendo por sua vida, havia contratado uma caríssima e ilegal equipe de segurança privada, composta justamente por policiais da Rota.


A acusação sustenta que este esquema de segurança foi a própria armadilha. A promotoria alega que a equipe de policiais foi infiltrada por membros que vazaram a rotina e a localização de Gritzbach para os executores da facção, permitindo a emboscada fatal. Dos 18 PMs que se tornaram réus em maio, 15, incluindo os recém-libertados, são acusados de participar do esquema de segurança ilegal, enquanto outros três respondem diretamente pelo homicídio.


A libertação do tenente e dos dois soldados levanta questionamentos sobre a força das provas apresentadas contra eles especificamente. Enquanto o julgamento dos demais policiais prossegue, o caso joga uma sombra sobre a corporação mais letal do país, expondo a alarmante capacidade do crime organizado de corromper e se infiltrar até mesmo em suas tropas de elite.

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