Execução em Pleno Sol na Pajuçara Expõe a Frágil Segurança de um Cartão-Postal

A morte de um homem à luz do dia, em frente a um dos pontos mais movimentados da orla de Maceió, transcende o crime passional para se tornar um sintoma alarmante da vulnerabilidade de cidadãos e turistas na capital alagoana.


Por Jardel Cassimiro, para a Revista Correio 101


MACEIÓ, AL – O cenário era o de um domingo maceioense em sua plenitude: o sol se inclinava no horizonte, a brisa do mar amenizava o calor e a orla da Pajuçara fervilhava com a presença de famílias, banhistas e turistas. Esta imagem, vendida em incontáveis guias de viagem como um paraíso tropical, foi estilhaçada por volta das 16h pelo som seco de disparos de arma de fogo. Em frente à tradicional Balança do Peixe, um homem foi executado, e com ele, a sensação de segurança de uma das áreas mais vitais para a cidade.

A vítima, identificada como Eudes Estevão Nascimento Santos, de 44 anos, tombou na calçada sob os olhares aterrorizados de quem estava no local. O pânico se instaurou instantaneamente. A correria e os gritos substituíram o som das ondas e das conversas descontraídas, em uma demonstração brutal de como a violência pode romper a mais pacata das rotinas.


Segundo informações preliminares da polícia, o crime carrega as marcas de uma execução planejada. Eudes, que supostamente teria envolvimento com o tráfico de drogas e já havia sobrevivido a um atentado anterior, foi surpreendido por três jovens que efetuaram os disparos e desapareceram com a mesma velocidade com que surgiram. A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) assumiu a investigação e agora se debruça sobre imagens de câmeras de segurança na esperança de identificar os autores.

Contudo, para além dos trâmites da investigação, o assassinato de Eudes Estevão na Pajuçara é um evento que força uma reflexão crítica e urgente. Não se trata apenas de um acerto de contas confinado ao submundo do crime; trata-se de um ato de extrema audácia, perpetrado em uma área que deveria ser um santuário de lazer e segurança, tanto para os alagoanos quanto para os milhares de turistas que movimentam a economia local. A execução em plena luz do dia, em um local de altíssima visibilidade, não é apenas um desafio às forças de segurança; é uma mensagem de que não existem mais territórios invioláveis.


Um Chamado à Ação para Prefeitura e Governo do Estado

Este episódio sangrento deve servir como um ultimato para a Prefeitura de Maceió e o Governo do Estado de Alagoas. Não bastam mais notas de pesar, promessas de investigações céleres ou o remanejamento temporário de efetivo. A população exige ações elétricas, estratégicas e permanentes que transformem a retórica da segurança em uma realidade palpável. O turismo, motor econômico que sustenta milhares de famílias alagoanas, é uma indústria construída sobre a percepção de segurança e tranquilidade. Cada tiro disparado na orla é um atentado direto contra a principal fonte de renda do município.

É imperativo que se estabeleça uma política de segurança unificada e robusta para as áreas turísticas e para toda a cidade. Isso se traduz em patrulhamento integrado entre a Guarda Municipal e a Polícia Militar, investimento maciço em tecnologia de monitoramento inteligente – com câmeras de alta definição e reconhecimento facial –, e, acima de tudo, a presença constante e visível do Estado, que iniba a ação de criminosos e devolva a paz aos cidadãos.


A segurança pública não pode ser tratada como um gasto, mas como o principal investimento na infraestrutura social e econômica de Maceió. Moradores e turistas precisam ter o direito fundamental de caminhar pela cidade sem medo. O poder público tem o dever constitucional de garantir esse direito. O momento de agir é agora. Maceió precisa decidir se continuará a ser refém de sua própria insegurança ou se, finalmente, tomará as rédeas de seu destino para se tornar o modelo de cidade segura e acolhedora que seu povo e seus visitantes merecem. A resposta, que precisa ser imediata e enérgica, está nas mãos do prefeito e do governador.

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